Cada dia traz consigo a possibilidade de um novo encontro e a vida pulsa no movimento fluido de transformação, trazendo alegrias imensas e também grandes desafios. O educador intui, acerta, experimenta, erra, tenta de novo, mas não desiste. Persiste em sua vontade de acertar e oferecer o melhor às crianças que estão diante dele. É incrível como a criança não conta os acertos tampouco os erros, e sim, o esforço que este faz toda vez que se ergue e se coloca no exercício de tentar mais uma vez.
E assim, este educador vai construindo um conhecimento que parte da sua atuação, passa pelo seu coração e, à noite, quando reflete sobre o seu dia, acaba recebendo bênçãos das estrelas para recomeçar no dia seguinte tudo de novo. Esta prática diária não significa que o educador não tenha estudado ou se preparado para estar diante da criança, mas significa que para se relacionar adequadamente com o outro, colocar-se no caminho do aprendizado, e Ser Humano, é preciso seguir os passos do conhecimento. Estes seguem uma trilha bonita e precisa: da ação segue ao coração para então alcançar à reflexão, ao pensamento vivo. Estar com crianças pequenas prescinde desses elementos: precisamos agir, precisamos ser e precisamos conhecer!
Quando nos reunimos, todas às quintas feiras (*), para compartilhar vivências e estudar as observações dos processos de desenvolvimento das crianças com todas as dificuldades e superações ficamos espantados com o conhecimento vivo e criativo produzido diariamente por um educador que faz da sua missão o seu dia a dia com as crianças. Não se trata de teorias abstratas, mas experiências humanas que fundamentam a antropologia, o conhecimento do homem a partir de uma escuta para a criança. É retirar nossa compreensão da vida vivida, do que a experiência revela com todas as manifestações e suas diferentes nuances.
Aqui se mostra um caminho, talvez inverso de como o conhecimento está estruturado na nossa sociedade, porque neste caso começamos pela criança, e para isto é necessário construir uma postura aberta e, acima de tudo, confiar nesta criança a nossa frente para que ela possa se expressar na sua inteireza e não categorizar a criança em conceitos pré-estabelecidos.
Foi aos poucos que, nós, educadoras na Casa Amarela fomos nos conscientizando e, assim, nos apropriando desta forma de estudar e pesquisar. A partir da observação minuciosa do fenômeno construímos possibilidades para os nossos desafios diários. Após muitos anos trabalhando e estudando nesta perspectiva foi que resolvemos "inaugurar" o nosso Centro de Estudos Casa Amarela. Nomear este processo, que acontecia de forma espontânea no nosso grupo de professoras, tem a intenção de conscientizar e valorizar a pesquisa e estudo que acontece diariamente nas práticas escolares, mas também, de achar formas de compartilhar não só entre nosso grupo de professoras, como também com os pais e com quem tiver interesse, este caminho que encanta a todas nós.
Educadoras da Casa Amarelaoferece para quem escolhe o caminho da Educação. Neste pequeno/grande universo, podemos participar e acompanhar o desenvolvimento humano, as relações construídas, as criações diárias expressas na singularidade de cada criança.